Padroeira Nossa Senhora das Mercês
NOSSA SENHORA DAS MERCÊS (história)
A nossa Senhora das Mercês é uma devoção Francesa e Espanhola, trazida para o Brasil em 1639, mais precisamente para Belém do Pará, e depois para o Rio de Janeiro.
A religiosidade, as suas crenças e devoções os imigrantes trouxeram de suas regiões de origem. Expressavam isto principalmente pela oração do terço (rosário), feito nas casas, em baixo das árvores e até nos cemitérios. A expressão religiosa dos católicos também se manifestava pelas promessas, pelas caminhadas em romaria, quase sempre ligadas a promessas.
Em relação à padroeira da nossa comunidade Nossa Senhora das Mercês- temos uma história bastante emocionante. A escolha do nome da padroeira se perde um pouco no tempo. O que sabemos que está ligada à família de Alberto Giordani. A família de Alberto Giordani veio de Guaporé-RS, e junto com mais três ou quatro famílias adquiriram terra no município de Mondaí- lugar identificado como Pinhal. Estas terras hoje são de propriedade de Luis Sehn e Família Böhne. Alberto casou-se com Ângela Passini, e quando já tinham, dois filhos foi convocado novamente para se apresentar no quartel do Rio de janeiro. Provavelmente por ocasião da revolução federalista (1932). Alberto teve que deixar a família e foi se apresentar ao quartel no Rio de Janeiro. Ali ficou por muito tempo (anos). Numa certa ocasião as autoridades do quartel chamaram os soldados. Teria naquele momento a possibilidade de sair do quartel contanto que teriam um traje civil.
Conforme contam seus filhos seu pai arrumou o seu traje civil e na hora que abriram os portões ele saiu e não voltaria mais. Saindo do quartel ni8nguém sabe quanto tempo continuou no Rio de Janeiro e como se virou para sobreviver. Enquanto que aqui em Iporã corria a notícia que Alberto nunca mais voltaria, essa dúvida correu por três anos. Para a surpresa da esposa, filhos e toda comunidade, Alberto voltou! Chegando aqui em Iporã deu continuidade a sua vida de família como migrante e pioneiro corajoso. Participava ativamente das atividades culturais, sociais e religiosas. E foi por ocasião da construção da nova igreja de madeira – provavelmente a primeira- na época contava-se com a doação de madeira (árvores) para as construções.
As madeiras muitas preparadas com serviço Manuel de falquejamento, a machado. Um dia desses Alberto estava preparando a madeira para a escada, e no descuido deu um talho no pé esquerdo. O talho foi grande e o recurso mais próximo era Chapecó ou Carazinho… e a cavalo… Com recursos caseiros conseguiram estancar o sangue, mas a ferida infeccionou. Na iminência de perder o pé a família de Alberto recorreu às orações e a promessa. E foi neste momento de fé que Alberto prometeu a Imagem da Santa padroeira para nova Igreja. Sabemos que a promessa está sempre ligada a uma devoção especial de cada pessoa. Tomando todos os cuidados e feito à promessa, afinal, Alberto pode novamente caminhar. Estava curado. A graça Alcançada. Alivio geral.
A esta altura a curiosidade era geral, porque teriam feito a promessa a Nossa Senhora das Mercês? Aparentemente não encontramos nenhuma razão de ser.
A nossa curiosidade ainda insatisfeita, nos leva agora a perguntar mais uma vez: por que Alberto e Ângela recorreram a esta devoção? De onde lhes veio à ligação com esta imagem? De onde teriam eles conhecido Nossa Senhora das Mercês? A fantasia nos leva de volta ao Rio de Janeiro. Teria o Alberto encontrado algum consolo em suas aflições, ao sair do Quartel? Teria encontrado a Igreja de Nossa Senhora das Mercês, no Rio de Janeiro? Alguma forma de ACOLHIDA por pessoas ligadas a esta Igreja e essa devoção? Quem sabe, quanto tenha rezado e talvez contemplado aquela imagem da Mãe Misericordiosa e acolhedora dos aflitos? Quem sabe a Mãe o tenha colocado em contato com algumas pessoas “santas” que lhe acalmaram o coração aflito? Quem sabe, lhe deram consolo, conforto, abrigo e segurança? Talvez tenha arranjado com elas algum trabalho para conseguir um dinheiro para voltar? Recebeu algum encorajamento para voltar ao seu lar, tão longe? Reencontrar a esposa e os filhos? Certamente todos estes pensamentos, de um ou de outro jeito corriam em seu íntimo! Nós é que só podemos imaginar!
E agora, quando mais uma vez se encontrava enfrentando uma grande dor, um medo, uma insegurança, uma situação delicada, na iminência de “perder o pé”! Nesta hora lhe veio de novo à mente o socorro alcançado naquela situação já um tanto longe, mas ainda presente! E a mãe protetora lhe abria novamente os braços, acolhendo suas orações e sua promessa.
Como é que encontrou a Imagem em Palmas? Quem lhe deu a “dica”? Sabemos que neste ano (1938) o Bispo de Palmas fez sua visita Pastoral e rezou a missa de Crisma aqui. Talvez o próprio Bispo D. Eduardo Bandeira Saboia de Melo que era português, lhe tenha dado esta indicação. Talvez tenha até se interessado de providenciar a imagem. Pois, aparentemente não teria indicação de que em Palmas haveria a possibilidade de existir a imagem. Certamente foi trazida de algum outro lugar.
E eis que o Alberto fez história. Cumpriu sua promessa. No ano de 1938, consta que foi a cavalo até Palmas trouxe a IMAGEM DE NOSSA SENHORA DAS MERCÊS e a trouxe, certamente com muita emoção, no seu colo para deixá-la na Igreja. E NOSSA SENHORA DAS MERCÊS passou a ser titular da comunidade. Dessa forma, a comunidade cristã católica de Iporã do Oeste ficou consagrada a este título especial.